terça-feira, 4 de setembro de 2007

AS SETE LÁGRIMAS...DE PAI-PRETO


Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas deciam-lhe pelas faces, não sei porque contei-as...foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei. Fala meu Preto Velho, diz ao teu filho por que externas assim uma visível dor? E ele, suavemente respondeu:- Estás vendo esta multidão que entra e saí? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma dela. - A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber... - A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam. - A terceira, distribui aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando prejudicar aos seus semelhantes. - A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual, e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão. - A quinta, aos que chegam suaves, com risos, o elogio na flor dos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: "Creio na Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso ou me curarem disso ou daquilo." - A sexta, eu dei aos fúteis que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente. - A sétima, filho, nota como foi grande e como deslizou pesada: Foi a última lágrima, aquela que vive nos "olhos" de todos os Orixás. Fiz a doação dessas aos médiuns vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem, que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual. Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma as sete lágrimas de Preto Velho. (Autor: W.W.da Matta e Silva -Mestre Yapacani)

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